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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A Etnia Invisível...

Por Wagner Maia




Se vir os cadáveres caindo pelo chão... não digas que todos são de uma mesma etnia.

Se olhares as perfurações pelas paredes, elas têm um escorredor que esbafori toda uma gente que não se ver representada,

As porcentagens são desiguais.... As chances de sobreviver são a todo o momento recalculadas pelos grandes estatísticos.

Minha cor não me deixa dormir, até já pensei que fosse minha culpa.... Viver parece ser a coisa mais difícil de se conseguir.

Por muito tempo, ficaste preso num porão que as dimensões quase que surreais.

Meu corpo às vezes tratado como objeto, outras como mercadoria descartável.

Só por hoje, tive um sonho surreal de não fazer diferença meu excesso de melanina...

Só por hoje, sonhaste que uma simples palavra não signifique sofrimento.

Os grandes carros que da mesma cor que tenho, sobe com homens vestidos com a mesma cor que tenho, dilaceram gente da mesma cor que tenho...

Pobre homem, que num passo descontrolado, cai sobre as valas que navegam suas impurezas que há muito não foram tampadas...

Os grandes senhores de ternos com alguns intervalos no tempo, andas pelas valas abertas..

Só por hoje, pensaste que uma simples lei que há quase dois séculos fizera, fosse significativa.

Se não sou ouvido, meu cadáver serve como culpabilidade de uma sociedade perdida.

Os grandes verniz que sujam as ruas das grandes ruelas e becos... só por hoje tiveste nome.

Sou Chico, Maria, Denis, Júnior, Rafael, Leandro, Tatiana, Juliana, Carolina, Robson, Carlos, Willian... somos dignos e merecemos ser contabilizados como gente.

Meu gênero somado a minha cor, me deixa no submundo dos marginais.

Há décadas sou espancada por quem sofre junto comigo, um oprimido sendo opressor.

Os excessos de bebidas destiladas, me dar força de só por hoje ser um gigante... pobre homem.

Só por hoje, minha cor é devastada por um vírus que cresce em condições aritméticas.

O grande navio que carregara minha gente permanece vivo em cada coração, que hoje sobrevive nas áreas mais conflagradas...

Hoje sou negro, branco, pardo, amarelo... que seja, só clamo por justiça, por dignidade, igualdade... só por hoje quero viver mais um dia... só por hoje... só por hoje...

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