Tifli Camarada Camarão

Pichação no Rio de Janeiro

Tifli camarada Camarão

Roda Cultural

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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Cheiro de poesia? Não! Triste fim da pele negra.

Cheiro de poesia descendo rio a cima?

Engano seu, diz os mais velhos. 
 
O rio só segue um destino. Sempre para baixo. 
 
Translucido de fazer poesia e nela encontrar meu destino.

Livros comidos num infinito das abundâncias das palavras.

Pele negra debaixo da calçada, mãe chora pela perda de mais um filho esmagado pelo carro preto, vestido de preto. 
 
O que tudo isso tem a ver com poesia?

Nada, eis a mais pura realidade de quem se enquadra nesses quesitos. 
 
Rio a cima e sangue a baixo, cachoeira de lágrimas de décadas perdidas.

Cheiro de poesia reina nas cadeias, travestidas de negros presos num infinito sem fim. 
 
Triste fim da pele negra, séculos e mais séculos. Qual o resultado?

Cheiro de poesia e sangue nas calçadas. 


Wagner Maia da Costa.