Cheiro
de poesia descendo rio a cima?
Engano
seu, diz os mais velhos.
O
rio só segue um destino. Sempre para baixo.
Translucido
de fazer poesia e nela encontrar meu destino.
Livros
comidos num infinito das abundâncias das palavras.
Pele
negra debaixo da calçada, mãe chora pela perda de mais um filho
esmagado pelo carro preto, vestido de preto.
O
que tudo isso tem a ver com poesia?
Nada,
eis a mais pura realidade de quem se enquadra nesses quesitos.
Rio
a cima e sangue a baixo, cachoeira de lágrimas de décadas perdidas.
Cheiro
de poesia reina nas cadeias, travestidas de negros presos num
infinito sem fim.
Triste
fim da pele negra, séculos e mais séculos. Qual o resultado?
Cheiro
de poesia e sangue nas calçadas.
Wagner Maia da Costa.