Tifli Camarada Camarão

Pichação no Rio de Janeiro

Tifli camarada Camarão

Roda Cultural

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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O Entendimento da Vida!

O entendimento da vida que nos traz muito mais tristezas que alegrias, nos aniquila nas ações futuras que pretender-se íamos tomar.

Não entendê-la, nos coloca num vazio quase que irrefreável, por outro lado, tentar entendê-la nos aprisiona numa sequência de mentiras-verdades que nos faz sofrer demais.

A vida que no extenso do submundo dos desesperados, nos coloca em iguais patamares aos escrupulosos sonhadores de um mundo desigual.

Se meus amores não correspondem a minha altura de ações, os qualificos como elementos a serem esquecidos pelo meu subconsciente.

Mesmo que as lembranças de um passado remoto, está a todo momento sendo construída no presente.

Minha ignorância desperta as mais sinceras reprovações dos que estão ao meu redor .

Um redor cercado de desesperos e erros de todos os lados, os lados que não são exatamente lados, mas que servem de lados para os que estão do outro lado, que não é um lado exatamente dos lados.

Assim antes de estarmos em qualquer lado, temos que saber qual é o melhor lado, que não necessariamente pode ser um lado, mas que está servindo de lado, para todos os lados.

Assim, de lados em lados, tento entender a vida e os que se encontram na mesma, sem entender a mim mesmo. Um desespero que pretendo achar respostas nos lugares que não tem respostas.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

ARTE, VANDALISMO? PICHAÇÃO NAS MARGENS DA SOCIEDADE?

Por:
WAGNER MAIA DA COSTA.


Resumo:

Este artigo tem como tema, a Sociologia da Cultura. E é nesse bojo da sociologia da cultura, que pretender-se-á nos parágrafos seguintes traçar exemplos ou exemplo de um processo de formação e manifestação de um hábitus cultural. Para, além disso, se possível pretende-se abordar a questão do hibridismo na sociedade contemporânea.

O objeto cujo nesse trabalho terá relevância será a pichação, e seus hábitus de socialização. Pretender-se-á para além do já mencionado, tratar da questão de como os grupos de pichadores são tratados na sociedade. Como parte teórica, os textos terão uma importância relevante no entendimento das relações mencionadas anteriormente. Textos esses que vai desde Hábitus de Bourdieu (As Regras da Arte), até a noção de (Outsiders. Estudos de sociologia do desvio.) de Becker, ou sobre a pichação de Pereira Alexandre Barbosa. (As Marcas da Cidade: A Dinâmica da Pixação em São Paulo).

Os textos ajudarão, a entender como um determinado grupo vai formando seus hábitus culturais, e suas percepções diante da sociedade, e também os olhares que a mesma tem sobre os grupos de pichadores. Pois em sua maioria são considerados vândalos e destruidores do patrimônio público e/ou do privado. Por conseguinte, todas essas relações nos ajudarão entender a pichação e sua configuração como movimento artístico ou não, diante da sociedade contemporânea.

Assim o que se pretende como objetivo principal nesse presente trabalho, é analisar a formação do hábitus cultural e para, além disso, as percepções que os grupos que possui esses hábitus se relacionam com o restante da sociedade.

Palavras chaves: Pichação, Habitús Cultural, Sociabilidade, Movimento Artístico


Arte, Vandalismo?
Qual o Sentido da Pichação?

“A ministra do meio Ambiente, Izabella Mônica Vieira Teixeira, admitiu nesta quinta feira (15/04/2010) que a estátua do Cristo Redentor amanheceu pichada em porte dos braços. A estátua está coberta de andaimes e com os acessos a turistas fechados, já que houve diversos deslizamentos que interromperam a estrada que leva ao local, durante a chuva que atingiu o Rio.1”


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Esta pichação causou revolta a boa parte e se possível na maioria da sociedade carioca. Principalmente as autoridades governantes. Motivo dessa revolta se dá, devido ao Cristo Redentor, ser considerado o símbolo do Rio de Janeiro. Este foi tombado definitivamente como patrimônio nacional em dezembro de 2009. Sendo antes mesmo desse tombamento, eleito uma das sete maravilhas do mundo, no dia sete de julho de 2009.

Muito visitado pela classe média e média alta, e também pelos turistas, o monumento convive com uma espécie de visita a parte. As classes mais baixas apreciam o monumento no máximo pela televisão. Os preços não são convincentes para aqueles que sua renda familiar mal consegue sustentar sua própria família.

As pichações transgrediram algumas regras impostas pela sociedade. As ações, cometidas pelos pichadores, segundo as autoridades, foram criminosas. Se para os pichadores estes acontecimentos os colocam na visibilidade perante aos outros pichadores, para as autoridades é um motivo de crime. Os pichadores são considerados, grupos desviantes cujo conceito Becker chama de “Outsiders”. Pessoas que se definem nos gostos, ou atitudes adversas as do grupo dominante.

“Todos os grupos sociais fazem regras e tentam, em certos momentos e em algumas circunstâncias, impô-las. Regras sociais definem situações e tipos de comportamento a elas apropriados, especificando algumas ações como “certas” e proibindo outras como “erradas”. Quando uma regra é imposta, a pessoa que presumivelmente a infringiu pode ser vista como um tipo especial, alguém de quem não se espera viver de acordo com as regras estipuladas pelo grupo. Essa pessoa é encarada como um outsiders.3”

Assim para os pichadores o escândalo, a desviância se é que podemos dizer que os pichadores acham isso desviância? os colocam como atores privilegiados. Fato é que lhes dá uma ampla visibilidade aos seus pares e que cujo maior interesse do pichador, é ser reconhecido perante o seu igual, por outro lado estes também ganham visibilidade, mesmo que de forma negativa para o restante da sociedade.



“Desviância”---------“Escândalo”


Por isso, os outsiders, ou seja, os desviantes são menos importantes, para a sociedade quando cometem a prática do desvio, do que quando o desvio entra em choque com as ideias dominantes. A desviância, mais do que existir, ela afirma uma identidade ao consenso dominante.
“Choque ao consenso dominante”

Por consequência, para os pichadores, pelo menos boa parte desses, sua arte não é para fazer o que é bonitinho, mas ter seu próprio estilo, e na medida do possível, chocar com o grupo dominante. E se assim for pensado teve bastante êxito, pois:
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“O prefeito do Rio, Eduardo Paes, afirmou que a prefeitura já está limpando o monumento. As pichações diziam “Onde está a engenheira Patrícia” e “Quando os gatos saem os ratos fazem a festa”. De acordo com Paes, a Polícia Federal e a Polícia Civil já estão envolvidas no caso e irão prender o que ele classificou como “Criminosos”. Para Paes, o caso é um crime de lesa-pátria.5”

Construção do Hábitus Cultural dos Pichadores.

Qualquer grupo que esteja pretendendo se solidificar como um grupo coletivo expressivo, e que tenha uma maneira própria de agir independente, possui seu espaço próprio, para expressar seus códigos entre seus iguais e seus bens comuns. Para muitos grupos, estes espaços são considerados como sua segunda casa, local este, onde rever os amigos e compartilha suas artes que foram expressas dias atrás pela cidade. Pois bem, isso não é diferente com os pichadores. Estes têm seu habitat próprio, geralmente freqüentado por outros pichadores de várias localidades da cidade onde residem, e se possível de outras também.

Em são Paulo os lugares são chamados de “Points6”, já no Rio estes lugares popularmente referendado de “Reu”, abreviação de reuniões, ou seja, local de encontro dos pichadores. Estas últimas ocorrem em diversos locais da cidade.

“Os pixadores são, em sua maioria, jovens moradores de bairros periféricos de São Paulo e o seu Point central constitui um espaço de encontro de indivíduos de diferentes regiões. Sua localização na região central da cidade deve-se justamente ao fato de esses jovens virem da periferia. O centro é um lugar estratégico por ser um ponto de convergência e também um espaço de passagem para todos7.”
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Assim o campo cultural dos pichadores, é aquilo que se dá em uma ideia de estilo comum. Segundo Bourdieu, o que constitui o campo cultural é o que ele chama de “hábitus8”. Por trás desse hábitus, existe uma noção de estilo, ou seja, existe uma ideia de uma comunicação de linguagem, mais do que isso uma ideia de comunicação entre os iguais.

Para Bourdieu, uma sociologia da cultura com comprometimento científico, tem que ter certa negação da questão ingênua de que existe uma cultura da representação da realidade. Assim segue o autor, pois se fosse dessa forma, teríamos mais diferenças do que semelhanças, mas não é o que observamos, e sim o contrário. As produções artísticas, não se propõem representar as percepções da realidade no seu campo artístico, mas sim o que a mesma deseja. Uma espécie de estilo próprio de agir literário.

Nesse sentido, a noção de hábitus, tem um valor heurístico fundamental, na medida em que a teoria da cultura nega certas especificidades da cultura. Pois essa teoria realça que a cultura deve expressar direta, ou indiretamente, o que está na base. Por consequência, a noção de hábitus, dar certa autonomia ao campo cultural, além de separar-se da representação da realidade, se solidificando como um campo próprio. Porém, adverte Bourdieu, não devemos cair na ilusão da onipotência do pensamento versus autonomia do campo cultural.

Autonomia do Campo Literário. V.S. Ilusão da Onipotência do Pensamento.

Ainda segundo Bourdieu, o problema e que se tentarmos fugir da representação da realidade como toda, podemos cair na lógica da ilusão onipotente, de que a obra de arte, se reproduz por si mesma, ou seja, por conta própria, sem significante e sem significado, sendo autônoma. Uma espécie de “internalismo9”.

Portanto, o campo cultural, tem uma lógica própria, mas isso não significa que este vai fazer o que bem vier da mente do artista. Tem-se uma autonomia, mas ela é relativa, além disso, ela não representa a realidade como tal, além de não haver uma noção de continuidade, mesmo assim ela busca sua autonomia não pelo acaso, mas reagindo-se diante da possibilidade de perder sua autonomia. Tem que reagir diante da pressão capitalista da acumulação, numa relação mercadológica, sendo (Obras boas são aquelas que vendem). Assim os pichadores, ao picharem o Cristo Redentor, não picharam porque deu nas suas mentes de pichar por pichar, mas sim diante de uma sociedade de pressão mercadológica, além de ser repressiva.

“Desde anteontem, a Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia federal investiga o ato de vandalismo, reivindicado ontem por uma gangue de Santa Cruz (Zona Oeste). A pena para o crime varia de três meses a um ano de prisão.
Grupo assume autoria os grupos de pichadores Gangue DP (Dopados e Perversos) e Irreverentes, da Zona Oeste, reivindicaram ontem a autoria das pichações no Cristo Redentor. Segundo o integrante de um dos grupos,- identificado apenas como Mazinho- o intuito do ato era fazer um protesto mais visível contra a falta de atitude de políticos e autoridades para com os problemas sociais. A pichação foi feita pelo Zabo, da Gangue DP, e o Aids e o Lube, do grupo Irreverentes.10”
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Parte Conclusiva.


Portanto, os artistas querem responder a algo concreto, que há no processo de mercantilização de tudo. Os pichadores se vêem diante de uma sociedade, onde a mencionada mercantilização é um dos fatores essências de solidificação capitalista. As maneiras como os artistas tentam escapar desse processo, são criando seu próprio hábitus, e habitat. No Rio estes são criados nas (Reus), em São Paulo nos (Points), onde os pichadores dialogam numa espécie de estruturante, estruturados, uma vez inseridos no grupo. É estruturado porque fazem parte de um grupo cujo bem comum é pichar, mas por outro lado, é estruturante, porque na medida em que esteja inserido, podem expressar sua pichação individual, apesar de fazer parte de um grupo. Cada grupo tem sua “grife12”, ou seja, a sigla que dar unidade ao coletivo, e ao mesmo tempo, os mesmos pichadores têm a liberdade de dar suas pichações individuais.

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http://www.google.com.br/search?q=fotos+do+cristo+redentor+PIXA%C3%87%C3%83O&btnG=Pesquisar&hl=pt-BR&source=hp&cr=countryBR&aq=f&aqi=&aql=&oq

Conclui-se nesse trabalho, que pensar em pichação como a feita no Cristo Redentor, em dois momentos diferentes, deve-se pensar não como vandalismo, pelo menos quem pretende estudar pichação. Devemos nos ancorar, numa rede de estruturas e códigos existentes dentro do mundo da pichação. E se os entendimentos ficam restritos aos pichadores, e sua busca pela autonomia, por outro lado, devemos entender que esses pichadores, estão querendo mostrar algo relevante para a sociedade, seja para a parte dessa ao qual se enquadra somente os pichadores, seja as demais partes da qual, se encaixam os leigos dessa possível arte. Esses códigos da pichação de certa forma contrapõem com os códigos dominantes, de uma sociedade mercadológica. Pensar dessa maneira é pensar que existem diferentes olhares sobre uma mesma arte, e se assim levarmos em consideração, cada um desses olhares tem seu valor próprio dentro de um coletivo, independente do seu tamanho e de sua expressividade.






Referências Bibliográficas e Matérias Afins.



Pereira Alexandre Barbosa. As Marcas da Cidade: A Dinâmica da Pixação em São Paulo. Lua Nova, São Paulo, 2010.

Pierre Bourdieu. As Regras da Arte. Gênese e estrutura do campo literário. Capítulo 1 Questão de Método. 2º Edição.

Howard S. Becker. Outsiders. Estudos de Sociologia do desvio. ZAHAr.

O Globo. O braço direito da estátua foi pichada. O prefeito Eduardo Paes informou que a limpeza já começou. 19/04/2010.

Dilascio Flávio. Polícia Federal investiga, e duas gangues da Zona Oeste reivindicam a autoria do crime. Jornal do Brasil, editora Cidade. 17/04/2010.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Teatro Burguês.

Por: Wagner Maia da Costa.

Nos últimos anos tive a impressão de estar dentro de um teatro burguês!

Teatro esse, que as marionetes se vêem num imobilismo quase que integral.

Suas ações quase sempre, são frustradas em grandes aglomerados de forças contrárias.

Neste teatro, os atores não atuam em equidistância aos seus diretores e quando são representados, não se trata de forma coletiva, mas sim individualizada.

O individualismo se transforma em imobilismo, que assim segue numa inércia social, transformando os atores em peças removíveis, sendo em alguns anos substituídas por novos atores imóveis.

O grande teatro tem como prerrogativa uma abertura para o público exterior, mas suas leituras e explicações não são entendidas pelo dia-dia dos ditos leigos.

O não entendimento, não se trata de uma escrupulosa burrice dos que se encontram fora desse teatro, mas uma total presepada desse último! Que se ver numa autonomia de ditar suas próprias regras.

As regras são nebulosas, reacionárias e muitas das vezes separadas da realidade social, que se encontra fora desse mundo teatral.

Ao passo que começo a entender esse teatro burguês, percebo que sou peça integrante desse mundo escrupuloso.

Minhas ações de protestos, ajudam a manter esse mundo que se resume nele mesmo.

Este mesmo que se transforma nele mesmo, que se sustenta nele mesmo, que sobrevive nele mesmo, mas que não é mantido por ele mesmo.

O mundo exterior ajuda a proliferar todo esse teatro burguês, das ações burguesas e atitudes reacionárias.

Mas como nem sempre todos os atores são aptos a estarem nesse mundo burguês, estes tentam lutar contra esse mundo.

O imobilismo às vezes, é interrompido por ações de protestos de certos atores, que não contentes com o procedimento dos diretores e de alguns atores do teatro burguês, tentam aniquilá-los.

O aniquilamento é interrompido por uma grande força represária, os aparelhos de quem detém o poder, se transforma em poder, que lhes-dá um poder, que supera todos os poderes, dos que se posicionam contra esse poder.

A fábrica de poder, tem uma enorme proliferação das peças teatrais de poder, os atores imóveis, se movimentam em uma só direção. A da inércia.

A inércia, anda em mares correntes para uma grande alienação, que o submundo dos críticos, já não consegue sustentar tanta pressão das forças reacionárias.

O incalculado, a previsibilidade e a invisibilidade dos atores secundários, os colocam num enquadramento na peça teatral de meros coadjuvantes limitados.

A peça, não acaba quando os espetáculos terminam, ela se prolifera nas instâncias da sociedade, fazendo do dia-dia, um mundo teatral quase que desenfreável.

Em algumas situações, não se sabe quando é realidade, ou uma peça teatral. Pois, o teatro se reveste em realidade, que as vezes se transforma em teatro, que as tornam-se em teatros-reais.

Este teatro-real é tão real, que as vezes se torna mentira, uma mentira que se sustenta como verdade, que se transforma em uma verdade-mentira, presa numa mentira sem a intenção de se transformar em verdade, que na medida do possível já se transformou em verdade.

A verdade já não é mais uma verdade segura, pois esta se transformou em verdade-mentira.

A passagem da verdade para a mentira, é a passagem da construção para a degradação. Isso não quer dizer que não deva ter mentira, e que só tenhamos que viver na verdade.

Mas a mentira tem que se converter em mentira, para que não há confundimos como verdade, que por assim dizer tem que ser verdade! longe de ser uma mentira-verdade, que por assim dizer, é mentira.

Não há mentira das mentiras! Mas uma mentira da verdade que confunde todas as verdades.

Assim, o teatro vai absorvendo mais atores, dando sequência, nas suas ações burguesas e o mundo exterior a esse teatro, só consegue assistir o espetáculo dado pelo teatro burguês, através dos seus aparelhos quadrados, que já são quase que invisíveis.