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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Cidade Perfeita

Ao acordar percebeste que estava na cidade perfeita.

Os soldados já não exacerbam com suas forças extremas para lidar com o povo.

Nas veias percebi que o sangue, circulava na mais perfeita sincronia.

O café já feito no bule, as migalhas de pão se transformaram na mais perfeita torrada.

Ao sair de casa o transporte como nunca, andas de vento em popa, os trocadores e motoristas, dialogavam com os passageiros na mais perfeita alegria.

Os jornais já não mostram mais suas ideologias perversas, que manipulam o povo com mais perfeita das ironias.

As televisões por um dia, não mostram cadáveres pelo chão, muito pelo contrário, dá voz aos mais carentes, além de deixar os mesmos darem seus depoimentos.

As almas penadas que inalam seus demônios de cada dia, se libertaram de um mal que provavelmente os dilaceram em dez segundos.

As forças de paz, só por hoje não tomam o poder através das guerras.

Os homens que são responsáveis pela pobreza, hoje lutam contra essa doença que só faz crescer nas margens das grandes cidades.

As crianças depois de um dia perfeito nas escolas, voltam para casa na mais perfeita tranquilidade.

Os maridos esperando suas mulheres voltarem do trabalho, e as mesmas fazendo com que o dia de hoje passe na mais vagarosa tranquilidade.

O mundo caminha na mais perfeita alocação de um por do sol perfeito.

O brilho das águas já não enche mais as casas de humildes moradores, que nas vésperas do verão choram por transformação. Hoje o poder público aparece na mais perfeita harmonia.

Hoje negros/ homossexuais entre outros, já não sofrem mais agressões e nem discriminação.

Essa cidade perfeita, pelo menos existe no subconsciente do mais humilde indivíduo solitário.

Num surto quase que desenfreado, acordo na mais perfeita sincronia, com tiroteios ao redor do meu lar.

Não me dando conta das dimensões que meu subconsciente tinha chegado de uma cidade perfeita, que se desespera na chegada da possibilidade da realidade.

Meu café não tem o açúcar de outrora. O pão já não se encontra na humilde vasilha, os condutores dos ônibus não falam com os passageiros, as crianças não vão para as escolas, e os governantes não chegam para lutarem contra a pobreza.

Aos poucos, percebo que esse mundo de realidade, é bem menos real que meus sonhos de uma cidade perfeita. A perfeição está no meu subconsciente, que a todo o momento quer fazer dos sonhos a realidade.

Minha realidade hoje chora com os cadáveres pelo chão das mais humildes favelas.

Hoje minha cidade chora por não ter saúde, educação, segurança, pontos culturais. Todos choram pelo mal que só faz crescer as revoltas populares.

Mas, tudo é camuflado nas mais perversas das mídias, e seus ancoras que nas bordas de seus lábios expressam seus sorrisos de satisfação pela contenção dos mais humildes dos inocentes.

Assim, a cidade de hoje é perversa, sem graça, genocida e formadora das mais horríveis degradações dos seres humanos. Hoje clamo pela volta dos meus sonhos que pelo menos no meu subconsciente ver um mundo perfeito, uma cidade ideal.

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